A estabilidade da coluna depende de elementos estáticos e dinâmicos, segundo Bisschop (2003). Os elementos ditos estáticos são os corpos vertebrais, as articulações facetarias bem como suas cápsulas articulares, os discos intervertebrais e os ligamentos espinhais. Na presença de um trauma o efeito estabilizador do elemento estático pode diminuir, pois é alterado o arco de movimento, em sua fase inicial onde há apenas uma pequena tensão interna, denominado zona neutra, ou seja, no início do movimento. A partir daí é necessário a ativação dos elementos dinâmicos no intuito de prevenir a instabilidade. Nos elementos dinâmicos estão presentes os sistemas miotendíneo espinhal e a fáscia tóraco-lombar. Então segundo estudos efetivados por O’Sullivan (2000), a instabilidade da coluna lombar acontece porque há uma inconstância do segmento móvel secundário à lesão e acometimento dos elementos dinâmicos deixando vulnerável a zona neutra.
Em uma visão menos complexa, pois segundo estudos realizados por Hides et al (1996) este fator é um dos que contribuem para instabilidade da coluna lombrar, o desequilíbrio entre os extensores e flexores é um forte indício para desenvolvimento de distúrbios da coluna lombar, dentre ele a instabilidade da coluna vertebral (LEE, 1999 apud KOLYNIAK et al, 2004). Para Hides et al (1996) o multífido é o músculo diretamente ligado a instabilidade lombar, uma vez que ele é o principal músculo estabilizador dessa região e toda lesão neste leva a efeitos diretos sobre a estabilização segmentar vertebral lombar. Gill e Callaghan (1998 apud IMAMURA et al, 2001) identificaram déficit significante de propiocepção na coluna vertebral na presença de distúrbios lombares. Fator este relevante uma vez que a coordenação muscular e o equilíbrio fisiológico dos músculos agonistas e antagonistas, promovem esta propriocepção. Leinonen et al (2003), complementando os estudos de Hide et al (1996) e Gill e Callaghan (1998 apud IMAMURA et al, 2001), relatam a atrofia do multífido na presença de lombalgia sugerindo que este fato teria um efeito nos receptores musculares prejudicando a propriocepção lombar. Ebrahime et al (2005) em seus estudos detectaram fadiga nos músculos extensores lombar em indivíduos com dor lombar, instabilidade lombar sintomática. Enquanto que, às vezes, um único mecanismo é responsável por um determinada lesão, com certa freqüência os mecanismos responsáveis por uma lesão são muitos e variados. A categorização dos mecanismos de lesão baseia-se em conceitos mecânicos, respostas teciduais ou uma combinação dos dois. Alguns autores identificam sete mecanismos básicos da lesão: contato ou impacto, sobrecarga dinâmica, uso excessivo (overuse), vulnerabilidade estrutural, inflexibilidade, desequilíbrio muscular e crescimento rápido. Existem outros fatores que influenciam que é : idade (durante os anos de formação e com o passar dele vem a degeneração), sexo ( hormônios, sociologia etc.) genética (que influenciam a composição da matriz tecidual tendo degeneração dos discos, rupturas, artroses etc.), estado fisiológico e condição física, nutrição, estado psicológico, fadiga, ambiente (clima, terreno, altitude etc.), equipamento e medicamento.
SINTOMAS DA INSTABILIDADE VERTEBRAL
A dor, que é entorpecida, limitante, profunda e geralmente constante, pode estar localizada na área média da coluna, ou pode se irradiar para as nádegas ou membros inferiores. Raramente se irradiam além dos joelhos e evidências de pressão nervosa geralmente estão ausentes.
A sensação dolorosa piora quando o paciente se mantém por longos períodos em uma só posição, por exemplo, em pé ou sentado e a alteração da postura, por exemplo, deitando-se ou arqueando a coluna, pode aliviar a dor.
A coluna é vulnerável a qualquer movimento forçado ou inesperado, como no levantamento ou torção do tronco, que pode resultar em uma tensão aumentada sobre os tecidos moles circundantes, especialmente sobre os ligamentos longitudinais anterior e posterior das articulações.
CAUSAS DA INSTABILIDADE VERTEBRAL
Ela ocorre em ambos os sexos, geralmente na terceira ou quarta décadas e envolve o disco L4 ou menos comumente o disco L5. Este tipo de instabilidade geralmente acompanha alterações degenerativas no disco e nas articulações zigoapofisárias.
A instabilidade também pode ocorrer em pacientes com espondilolistese após trauma ou pós-operatoriamente após uma descompensação de uma estenose da coluna lombar, todas estas causas sendo evidentes nas radiografias. Uma perda da função muscular é um achado concomitante comum.
DIAGNÓSTICOS E EXAMES
Os sinais clínicos podem ser difíceis de esclarecer, especialmente se a amplitude de movimentos geral da coluna for normal, apesar de certas vezes ser possível se encontrar alguma perda na amplitude esperada de flexão ou extensão.
A instabilidade mecânica pode produzir dor na movimentação ativa, tipicamente como um arco de dor, que pode ocorrer tanto durante a flexão ou se o paciente se estender a partir de uma posição fletida.
Uma sensibilidade pode ser encontrada localmente sobre o segmento da coluna.
Investigações
O diagnóstico necessita ser confirmado pelas radiografias, são a demonstração da instabilidade em todos os planos de movimento da coluna. Nas radiografias laterais, com o paciente em extensão e flexão total, o movimento anormal com perda do mecanismo normal de rolamento pode ser detectado. A vértebra superior pode se mover para frente sobre a inferior durante flexão, e pode estar associada a um estreitamento da parte anterior do disco. Alternativamente, um movimento de deslizamento posterior excessivo da vértebra superior pode ocorrer à extensão lombar.
Existe o teste clínico do “Cisalhamento” que provoca movimentos vertebrais antero-posteriores quando o achado é positivo.
Fonte: http://www.herniadedisco.com.br/doencas-da-coluna/instabilidade-vertebral/